F. Miranda Advogados
homem e mulher se equilibrando em cima de pedras

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho…

Há quase um século Drummond (1928) fez das pedras poesia. Pensar nos tropicões que lhe serviram de inspiração acrescenta a “reação” na máxima de que não há resultado sem ação. Não há frutos sem plantio e colheita, nem sucesso sem trabalho e resiliência. Até ganhar numa loteria, primeiro tem que fazer o jogo e depois ir receber o prêmio e lidar com os parentes.

Nos dias mais atuais vivíamos acelerando a nossa grande correria da vida. O Tempo, como um ativo valioso e irrecuperável, era conduzido pela supersônica velocidade da informação que assedia nossa lista de prioridades. “Rápido!”, “Corrido!”, “Urgente!”, “Com pressa!” eram termos presentes naquela antiga rotina. Depois de tanto trabalhar e estudar, de empreender horas de leitura, de trocar noites na companhia de um laptop e um vinho qualquer, percebendo o clarear do dia com um gosto de ressaca, espera-se aumentar as expectativas de um bom dia. Talvez não garanta.

Afinal, quanto mais apertamos o passo, maiores as chances de tropeçar. O que é bom lembrar é que, antes mesmo de aprender a falar, nós aprendemos a tropeçar.

A busca pelo acerto, pela escolha da melhor alternativa para superar a dificuldade nem sempre será a mais precisa. Nobel de Economia, o psicólogo Daniel Kahneman, no bestseller “Rápido e Devagar”, mostra que uma série de decisões são tomadas dentro do sistema instintivo do cérebro, de maneira a “fugir do controle” ou da melhor aplicação útil. Outros estudiosos contestam a teoria da utilidade da economia comportamental, comprovando que as vezes sabotamos a avaliação do tamanho da bronca, excedemos a confiança crendo ter conhecimento amplo do problema, tendemos a ver mais os cenários de perdas afetando a amplitude de possibilidades de solução, entre outras situações em que os vieses ajudam a tropeçar nas pedras do caminho. Errar é parte da essência humana, e quantas vantagens são possíveis surgirem do erro…

FAIL FAST – ERRE RÁPIDO

Apesar das pedras, a jornada continua! Os erros que vamos colecionado sedimentarão a trilha do legado. Essa construção é a contínua sobreposição das nossas experiências e feedbacks. Estudiosos da atualidade, ao avaliarem os modelos de negócio e proposição de valor das startups consideram como um motivo de agilidade errar rápido com um projeto, receber seu feedback e, de uma condição de interatividade bastante contemporânea, tratar a melhoria da entrega. Assim se evitaria o efeito de “bola de neve”, que assombra os perfeccionistas.

Errar rápido pode ser construtivo. Contudo é preciso manter o equilíbrio que nos faz bípedes. E para isso é preciso fôlego para continuar em movimento, inteligência emocional para evoluir do feedback, sensibilidade para enxergar novos pontos de apoio, e mente determinada a lidar com as pedras no caminho.

Tal qual andar de bicicleta, manter-se em movimento auxilia no equilíbrio. Decidir não jogar a toalha, bater a poeira se cair, cambalear mas seguir dando passos durante a crise pode significar a possibilidade de recuperação de seu equilíbrio e aumentar exponencialmente a chance de aprender com o tropeço e evoluir.

KAISEN – MUDANÇA PARA MELHOR – mais que método, uma filosofia de vida

Um novo planeta se forma enquanto estamos forçados a ficar em casa. A valorização da solidariedade tem temperado as relações sociais. Os movimentos de doações, de ajuda por aplicativo, o surgimento de plataformas para voluntariado, os shows de varanda, a todo instante temos mostras do quão humanos somos capazes de ser nos comunicando com preocupação ao outro. E esse novo conceito também está se fazendo presente nas relações jurídicas.

Da cultura milenar oriental vem o termo KAISEN para identificar o processo de melhoria contínua. Masaaki Imai, em trabalho seminal, professorou que as pessoas são capazes de melhorar continuamente no desenvolvimento de suas atividades. A filosofia Kaisen é tão abrangente que integra manuais de administração e capítulos inteiros de histórias de sucessos empresariais. E de todos os ensinamentos, um dos mais básicos é de que satisfação e responsabilidade são valores coletivos.

De forma que se seu tropeço está ligado a situações que não dependam só da própria força de vontade, se por alguma razão as pedras dependem de outras pessoas para serem tratadas no caminho, o momento sugere a retomada de bons valores coletivos e bons motivos para novos diálogos, novos pontos de apoio e novos equilíbrios.

Quem tropeça e não cai, acelera a marcha!

  • http://www.horizonte.unam.mx/brasil/drumm3.html
  • https://cer.sebrae.com.br/fail-fast/
  • https://www.forbes.com/sites/sunniegiles/2018/04/30/how-to-fail-faster-and-why-youshould/#4e521f88c177
  • https://endeavor.org.br/operacoes/kaizen/

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